top of page
Buscar
Foto do escritorRaul Manarte

Como é que TU podes ajudar nos campos de refugiados da Grécia

Em 2015 deu-se um “pico” de migração para a Europa. Muita gente, fugindo de realidades terríveis na Síria, Afeganistão, Iraque (e de outros países) tentavam (e ainda tentam) chegar até nós. Em Março de 2016 a Europa assina um acordo com a Turquia e com a Grécia, que pretendia “travar” este fluxo migratório, mantendo as pessoas em campos Gregos ou na Turquia. A partir desse momento os campos gregos deixam de ser um “ponto de passagem” para as pessoas que atravessavam as ilhas gregas e passam a ser uma “paragem longa”, muito longa.


Há muitas opiniões sobre migração. Eu não sei qual é a tua. Mas sei o que tu não queres. Sei que tu não queres campos onde não há água quente, não há electricidade, onde 25% das crianças atendidas querem morrer, onde uma criança assassinou outra, onde eu vi 6 menores esfaqueados (em 5 dias), onde um bébé morreu desidratado, onde não há cuidados de saúde para crianças com doenças crónicas, onde há 1 wc para mais de 300 pessoas...

Sei que tu não admites estas condições. Sei que até podes achar que deviam “voltar todos para o país deles” (mesmo se desfeito por guerra e morte), mas sei que não te faz sentido as pessoas esperarem meses e anos em campos destes. Sei que até podes achar que “os que fogem da guerra” podem entrar mas os “que fogem da pobreza” não podem, mas sei que não admites que morram de frio enquanto esperam. Esperam pela decisão se podem ficar ou se têm de voltar e, seja qual for a tua opinião e os teus critérios, seja qual forem os critérios adoptados pela União Europeia, eu sei que não te cabe na cabeça que homens, mulheres e crianças tenham de esperar nestas condições e aqui na Europa. Até a própria Europa, no papel, concorda contigo, e tem definidas as condições dos campos para as pessoas poderem esperar pela decisão.


Mas é só no papel.


Há vários campos na Grécia mas eu só estive no de Mória. Duas vezes. E não te consigo passar em palavras. Não consigo. Tento e volto a tentar, e falho e volto a falhar. Nem eu consigo realmente entender como é lá estar... Estou umas semanas e venho-me embora. Saio da noite e do frio mas há quem lá fique anos... Não te consigo fazer sentir o frio... bastava o frio, bastava tu teres os teus filhos naquela tenda, naquele frio e percebias...


E então como podes ajudar?


Cá vão umas sugestões, algumas vão-te parecer básicas ou ineficazes mas espero que fique claro porque as menciono e como sempre: qualquer dúvida manda mensagem.



1. Dar dinheiro a quem intervém no terreno. Pensas logo nas “Raríssimas”? Então fala com quem já trabalhou no terreno, com quem trabalha com estas organizações. Vê os mecanismos de transparência que têm e toma uma decisão. Há organizações e pessoas corruptas? Claro. Mas também há aquelas que tem mecanismos e provas dadas que te darão as certezas possíveis que os teus euros terão impacto (certeza a 100%? Eu acho que nunca terás – vai ser esse o obstáculo? Depois podemos falar dos limites do humanitarismo: como paternalismo, substituição de medidas locais etc). Aqui ficam as organizações com as quais contactei que, por um motivo ou outro, me sinto à vontade em recomendar (mas se tens informação contrária diz):



2. Vai tu para o terreno. Achas que é preciso ser médico, enfermeiro ou psicólogo? Não. Há várias organizações que aceitam voluntários não diferenciados. Achas que não tens estômago? As oportunidades são diversificadas: trabalhar dentro do campo, fora do campo, apoio de carácter mais médico, mais psicossocial, mais logístico, etc etc etc Por isso na dúvida envia-me uma mensagem que eu respondo com uma base de dados com ONGs onde podes perceber melhor os requisitos e os perfis.


3. Activismo online. Assinar petições ou cartas online é algo que não te custa e com efeitos reais já demonstrados: a) AVAAZ b) Amnistia Internacional


4. Enviar roupa e outros bens essenciais para os campos. A Refugee 4 Refugees distribui a roupa mas temos de encontrar alguém em Portugal com experiência em fazer recolha de roupa e enviar através de contentor num navio.


5. Mantém-te informado. Estás à espera de ver na TV ou nos jornais o que se passa nos campos ou até no Mediterrâneo? Aqui tens outras opções:



6. Activismo. Quando os canais oficiais não dão resposta e os meios convencionais não têm resultados as pessoas juntam-se e mudam as coisas. Pressionam governos, ministros, bancos, decisores, empresas, etc Duvidas da eficácia destes meios ou nem sabes como começar? Ficam aqui uma base de dados online com 10.000 campanhas (métodos, objectivos, taxa de sucesso) e uma espécie de manual de activismo eficaz. Aqui ficam duas sugestões onde podes “dar à perna” em Portugal: Humans Before Borders Amnistia Internacional


Porque é que Portugal não acolhe alguns dos menores desacompanhados nos campos? Se até a Grécia e a União Europeia tentam incentivar os países europeus nesse sentido? Vamos falar com a Secretária de Estado para as Migrações?


7. Fala com os teus representantes. Manda mail aos teus eurodeputados e à tua comissária. Eles representam-te, se isto te revolta e preocupa então concerteza que a eles também... diz-lhes que te importas, que estás atento, pergunta o que podemos fazer. Manda também à comissária das migrações.


É possível. É possível mesmo com o teu horário, as tuas preocupações e a tua falta de tempo. Tu tens mais poder do que imaginas e consegues ter um impacto nos sítios mais distantes e escuros. Algumas dessas sugestões demoram 20 segundos - imagina o que farias com 30 minutos por semana...


167 visualizações0 comentário

Comments


Post: Blog2_Post
bottom of page